V

Sambas-enredo
da cidade da Bahia

V

Registro de memórias

Escola de samba

Juventude do Garcia

Fundada em 24 de novembro de 1959, a Juventude do Garcia foi uma das mais tradicionais escolas de samba de Salvador, tendo se configurado em seus primeiros anos de existência como charanga, sem participar dos desfiles oficiais promovidos pela Prefeitura e apresentando-se nos Carnavais de rua da Fazenda Garcia e de outros bairros como Tororó, Cosme de Faria, Uruguai e Macaúbas.

Em 1961, ano do primeiro concurso oficial de escolas de samba da capital baiana, a Juventude do Garcia já se apresenta como tal, classificando-se em segundo lugar, atrás dos Ritmistas do Samba, escola pioneira nesta configuração no Carnaval soteropolitano. Três anos depois, o agrupamento do Garcia conquista seu primeiro título, levando às ruas o enredo “Brasil”, de Edson Rios, o mais antigo que foi documentado na História das escolas de samba – embora seja incerto que tenha ganhado um samba-enredo correspondente na ocasião.

A partir de 1966, a escola organiza-se como Grêmio Recreativo, sendo a pioneira da Bahia a se filiar na Confederação Brasileira das Escolas de Samba. Naquele ano, vence o concurso com galhardia, apresentando o samba-enredo “Bahia e seus séculos”, de David Augusto, naquele que é considerado por muitos como um dos mais marcantes desfiles de uma escola de samba no Carnaval de Salvador.

Nos dois anos seguintes, com “O matrimônio de D. Leopoldina” (de David Augusto), e “As quatro estações do ano” – de outro “prata da casa”, Reginaldo Luz, com a colaboração dos criadores do enredo, o presidente João Barroso e João Dondôco – a escola alcançou inédito (até então) tricampeonato no desfile das escolas de samba da cidade, colocando-se como a grande força do Carnaval soteropolitano. Por conta do regulamento da época, que impedia que agremiações tricampeãs disputassem o concurso do ano seguinte, sendo obrigadas a desfilar na condição de hours concours, o G.R.E.S Juventude do Garcia levou à Avenida em 1969 um tema festivo, “Três anos de glória”, de autoria de Raimundo Nascimento, exaltando o pavilhão azul e branco e desfilando sem o compromisso de disputar o certame.

Após um período em que recorreu a seus principais compositores para a criação dos sambas-enredo que apresentou, perante a comissão julgadora, no Carnaval da Praça da Sé, a Juventude do Garcia passa a recorrer a sambistas de renome, que tiveram passagens em outras agremiações da cidade. Assim, brinda o público, ao longo dos quatro anos seguintes, com os sambas-enredo “Samba, canto livre de um povo” (Ederaldo Gentil e Edil Pacheco) e “Datas e efemérides do Brasil” (Roque Fumaça), além da dobradinha de Walmir Lima – “Exaltação à Cultura Nacional” (com Jandir Aragão) e “A vida do Imperador D. Pedro I” – no biênio 1972/1973. Neste período, cabe destaque para o Carnaval de 1972, quando a escola voltou a ser campeã, superando a favorita Diplomatas de Amaralina.

O samba-enredo “Exaltação à Cultura Nacional”, em uma ação pioneira, ademais, foi gravado por Roque Fumaça (o Roque do Plá) em um compacto simples neste mesmo ano de 1972, com o samba de sugesta “Gostei de ver”, dos mesmos autores, apresentado no Lado B.

Quando, em 1974, deixou de disputar o certame promovido pela Prefeitura de Salvador pela primeira vez desde 1961, a Juventude do Garcia já dava indícios que não resistiria por muitos anos no Carnaval da Cidade da Bahia. De fato, após aquela ocasião, a agremiação azul e branca disputaria apenas mais dois concursos, com os sambas-enredo “Danças Negras do Nordeste”, de Carlos Magalhães, em 1975, e “Vida e obra Denise Tavares”, de Vadu da Ribeira, João Rios e Walmir Cardoso no derradeiro desfile de 1976.

Sambas-enredo: