Fundada em 2 de março de 1966, a Diplomatas de Amaralina foi a mais luxuosa e vitoriosa escola de samba do Carnaval soteropolitano, tendo aglutinado, desde que passou a disputar o renhido certame do Reinado de Momo, a peso de ouro, muitos dos melhores passistas, mestres-salas, porta-bandeiras, ritmistas e compositores de outras agremiações da cidade.
Seis vezes campeã, sendo tricampeã entre os anos de 1969 e 1971 e 1975 e 1977, a escola de samba de Nordeste de Amaralina teve sambas-enredo compostos por grandes sambistas da capital baiana, como Guiga de Ogum, Roque Fumaça, Jaime Baraúna, Paulinho Camafeu e Vadu da Ribeira, legando à memória musical do Carnaval soteropolitano grandes criações.
O primeiro samba-enredo dos Diplomatas de Amaralina, “Transmigração da Família Real para o Brasil”, composto por Edy Star, não chegou a concorrer na disputa entre as escolas de samba promovida pela Prefeitura de Salvador, tendo a agremiação, que carregava em seu pavilhão as cores laranja, azul, dourado e prateado, saído às ruas apenas na Terça-feira Gorda, em caráter de exibição. No ano seguinte, porém, embora não tenha logrado êxito no concurso, apresentou um belo-samba enredo, “História da Independência do Brasil”, com letra do patrono da escola, João Amaral, e melodia de Guiga de Ogum.
Com Roque Fumaça (“Epopeia de uma raça”), Jaime Baraúna (“História do Carnaval carioca”) e Hamilton Lima (“Vila Rica do Pilar”), os Diplomatas de Amaralina alcançaram o tricampeonato no triênio compreendido entre 1969 e 1971 – neste último Carnaval, o “prata da casa” Hamilton Lima superou Walmir Lima, à época já considerado um dos maiores compositores de samba-enredo do Carnaval da cidade, no concurso interno da escola.
Hamilton Lima voltaria, nos anos seguintes, a emplacar outros sambas-enredo na escola de Nordeste de Amaralina: em 1973, com Luís Fernando Pinto, trabalhou o enredo “Consolidação da Independência do Brasil” e, no ano seguinte, com o mesmo parceiro e mais Salvador Oliveira, apresentou a temática “Casa Grande e Senzala”, inspirado na obra homônima de Gilberto Freyre.
Um fato relevante no que tange à escassa documentação fonográfica de sambas-enredo de Salvador diz respeito à criação de Renato Amorim e Edson Almeida para o Carnaval de 1978: naquele ano, uma produção da gravadora Tapecar, “O Brasil canta sambas enredo”, apresentou sambas campeões do Carnaval de todo o país, possibilitando que Roque do Plá (o conhecido Roque Fumaça do carnaval soteropolitano) gravasse “O Brasil é feito por nós”, composição inspirada em um mote da ditadura militar que exaltava o mito da “democracia racial” no Brasil.
Derrotada naquele Carnaval pelo Ritmo da Liberdade, tendo mais uma tentativa de conquista do inédito tetracampeonato no certame frustrada, os Diplomatas de Amaralina cessariam suas atividades após o tríduo momesco, prenunciando um período de dificuldades cada vez maiores para as escolas de samba, que não tardariam a ser extintas.