A estreia de Walmir Lima como compositor de sambas-enredo no Carnaval de Salvador se deu em 1968, quando, para os Filhos do Morro, foi autor de “O circo”, naquele que foi o primeiro desfile da tradicional agremiação como escola de samba, após anos desfilando como cordão. O samba, que ajudou a entidade carnavalesca sediada na Ladeira do Carmo a conquistar o terceiro lugar no concurso promovido pela Prefeitura de Salvador, chamou a atenção de Arnaldo Silva, presidente dos Filhos do Tororó, que o levou para a escola azul, vermelha e branca.
Em seu novo lar, no Carnaval seguinte, venceu os “pratas da casa” Ederaldo Gentil e Nelson Rufino na disputa para escolha do samba-enredo “Jorge Amado em quatro tempos”. O triunfo propiciou a criação do samba “Veneno”, de parceria com um dos vencidos na contenda, Nelson Rufino, em provocação ao outro, Ederaldo Gentil, inaugurando o estilo “samba de sugesta” – que consistia basicamente em composições com mensagens diretas ou indiretas a outros compositores, quase sempre dentro do contexto de Carnaval e escola de samba. O samba-enredo do Tororó de 1969, além disso, ainda que não tenha levado a escola ao título, recebeu uma agraciamento do homenageado (o escritor Jorge Amado), que o incluiu em seu livro “Tenda dos Milagres”.
Em 1970, sem a concorrência de Ederaldo Gentil, afastado da escola, e Nelson Rufino, “aposentado” do universo das escolas de samba, Walmir Lima voltou a vencer o concurso dos Filhos do Tororó, que tinha como enredo naquele ano “A Casa da Torre de Garcia D’Ávila”, sendo mais uma vez derrotado pelos Diplomatas de Amaralina no Carnaval – ambos os sambas compostos para a escola do Tororó seriam gravados por ele nos anos posteriores.
De saída dos Filhos do Tororó, teve no Carnaval de 1971 seu ano mais fecundo, criando sambas-enredo para as escolas de samba Ritmistas do Samba (“Homenagem ao Velho Guerreiro”, exaltando Chacrinha), Filhos da Liberdade (“Alice, Samba e Carnaval, no País das Maravilhas”) e Diplomatas de Amaralina (“Vila Rica do Pilar”) – este último foi o único que não triunfou no concurso interno, suplantado por uma composição de Hamilton Lima, embora fosse favorito para a vitória.
Faltava compor para a Juventude do Garcia, e isso foi resolvido em 1972, quando fez história na agremiação azul e branca, criando o enredo “Exaltação à Cultura Nacional”, e elaborando, ao lado de Jandir Aragão, a música que a escola apresentou no desfile. O samba-enredo, além de ajudar a escola a derrotar os Diplomatas de Amaralina, evitando o tetracampeonato da rival, integrou um compacto simples – pioneiro na cidade -, lançado antes do Reinado de Momo, contendo, ainda, o “samba de sugesta” “Gostei de ver”, composto com o mesmo parceiro – ambas as músicas foram interpretadas por Roque Fumaça.
Por fim, em sua despedida do Carnaval de escolas de samba de Salvador, Walmir Lima compôs, em 1973, o samba-enredo “A vida do imperador D. Pedro I”, encerrando um ciclo de seis carnavais seguidos em que atuou de forma intensa como compositor, carnavalesco, intérprete e até mesmo diretor de bateria, atuando junto a seis escolas diferentes, compondo oito sambas-enredo.