V

Sambas-enredo
da cidade da Bahia

V

Registro de memórias

Samba-enredo

A influência dos negros na Bahia

Com lutas e glórias
Acabou-se o complexo racial

Meu senhor, peço por favor
Pra contar o que já se passou
E hoje, num dia de fantasia
Vamos exaltar os negros na Bahia
Aonde a influência mais atingiu
Na Bahia, onde nasceu o Brasil

Navios negreiros chegavam
No porto desta capital
Trazendo homens, mulheres, meninos
Cativos, vendidos como lacaios
As mulheres em mães pretas se formavam
Os meninos foram pros canaviais
Os homens construíram senzalas
Fabricavam açúcar
Trabalhavam os minerais
E na cozinha a negra modificou
E conquistou a confiança do senhor

Na literatura e na religião
O negro demonstrou para o feitor
Dançavam capoeira como diversão
Surgiram os zuavos lutadores
Grupos de negros se formavam
Os “Henriques” disciplinadores
E o samba que eu canto hoje em dia
É a influência dos negros na Bahia

La laiá la laiá laiá
La laiá la laiá laiá

Áudio: Guiga de Ogum

Faixa 1 do álbum “Sambas-Enredo da Cidade da Bahia”
Intérprete: Jorginho Commancheiro
Participação especial: Zé Xexete (apito)

Considerado um dos mais belos sambas-enredo da História do Carnaval soteropolitano, “A influência dos negros na Bahia” é até hoje lembrado com emoção por velhos sambistas da cidade. Composto pelos irmãos Edson e Ednelson Menezes, o samba marcou o Carnaval de 1968, embora não tenha alçado a Ritmistas do Samba – a primeira escola de samba da Bahia – a uma colocação de destaque no concurso daquele ano. Edinho Box, como era mais conhecido Edson Menezes, foi o grande compositor da agremiação da Preguiça, sendo considerado um dos mais talentosos criadores de sambas-enredo da capital baiana. “A influência dos negros na Bahia”, sua obra-prima, é interpretada neste registro por Jorginho Commancheiro, sambista que defendeu a escola em seus momentos finais, já estabelecida no Pelourinho e com as cores vermelho e branco a substituir o alvinegro de seu pendão.