É tão lindo relembrar
Os fatos que a História nos revela
E hoje o Tororó se engalana
E na Avenida vem mostrar
Que morre o homem, fica a fama

Foi Ogan em candomblé
Usava uma figa-de-guiné
Ele era Manoel dos Reis Machado
Mestre Bimba, nome honrado
Em todas as concentrações
Bom filho e pai, mestre de capoeira
Sua memória, a vida inteira
Fica em nossos corações

Quero ver jogar
Jogar capoeira
Por cima, a meia-lua
E por baixo, a rasteira
Cuidado moleque
Você vai apanhar
Olha o rabo-de-arraia
Quero ver você pular

Era assim
A sua vida cotidiana
Por isso Santo Amaro clama
Terra querida onde nasceu
Viveu momento triste e de alegria
E hoje quem canta é a Bahia
Recordando o passado seu

Tororó tem, tem berimbau
E capoeira neste Carnaval

La laiá laiá la laiá laiá
La laiá laiá la laiá laiá

Áudio: Paulinho do Reco

Faixa 7 do álbum “Sambas-Enredo da Cidade da Bahia”
Intérprete: Paulinho do Reco

Escola de samba que teve em suas fileiras alguns dos mais reconhecidos sambistas da Bahia, como Ederaldo Gentil, Nelson Rufino e Walmir Lima, os Filhos do Tororó já não contavam com a inspiração destes bambas no concurso que definiu a escolha do samba para o Carnaval de 1975, cujo enredo foi “Memórias de Mestre Bimba”. Outros talentos, porém, proliferavam na agremiação, e Salvador Oliveira, o Salvador Batucada – considerado por seus pares como um dos mais talentosos compositores de seu tempo – pôde criar uma bela música para a ocasião, superando outros quinze concorrentes. A partir da letra publicada em uma nota de jornal da época, o samba-enredo teve a melodia relembrada por Adelmo Costa, sendo “lapidado” e aqui gravado por Paulinho do Reco, irmão de Salvador, e também ex-integrante da escola azul, vermelha e branca do Tororó.