V

Sambas-enredo
da cidade da Bahia

V

Registro de memórias

Samba-enredo

Exaltação aos vaqueiros do Nordeste brasileiro

Em noite alta, madrugada, é de manhã
A relva fresca e a brisa perfumada
Espera o bom vaqueiro
Caboclo, arisco e matreiro
Ir lá no campo reunir sua boiada

Chapéu de couro, as perneiras, a bota e o gibão
As esporas, o laço firme, o rebenque e o facão
Protegem nossos caboclos das cruezas do Sertão
Varando as matas, arriscando a própria vida
Ele passa em disparada pra laçar a rês fugida

É boiadeiro
É boiadeiro
Nós saudamos o vaqueiro do Nordeste brasileiro

Se vem a sede, bebe água de mandacaru
No forró, rei do xaxado, bumba-meu-boi, maracatu (ê maracatu!)
Vem das caatingas rever a mulher amada
Firme a cela, pé no estribo,
“Guente” a rédea, olhe a pisada, camarada!

É boiadeiro
É boiadeiro
Nós saudamos o vaqueiro do Nordeste brasileiro

Áudio: Almir do Apache

Faixa 2 do álbum “Sambas-Enredo da Cidade da Bahia”
Intérprete: Almir do Apache

“Exaltação aos vaqueiros do Nordeste brasileiro” foi o enredo da Escola de Samba do Politeama no Carnaval de 1966, ano que marcou a despedida de Almir Ferreira, o Almir do Apache, da tradicional agremiação carnavalesca, uma das pioneiras escolas de samba da cidade. Na ocasião, o sambista foi feliz ao emplacar um belo samba-enredo, levando para a Avenida o universo sertanejo dos vaqueiros nordestinos, com seus rebenques, esporas e gibões. Mais de cinco décadas depois, o compositor tem a oportunidade de registrar este antológico samba-enredo, exaltando a escola campeã do Carnaval soteropolitano de 1963, que, depois de brilhar nos anos 60, enrolaria sua bandeira azul e amarela no início da década de 70.